11 | 06 | 2019

Sócio cita clássicos da literatura para a formação no Direito

No que os clássicos da literatura podem ajudar na atuação do Direito? A princípio, isso até pode parecer estranho, mas não quando se tem um mestre das letras apontando a direção. Salomão Ribas Júnior, doutor em Direito pela Universidade de Salamanca e sócio integrante do Núcleo de Agentes Públicos trouxe este tema para a nossa já tradicional Quinta Institucional, um evento descontraído, que acontece uma vez por mês e é aberto a todos do time da Menezes Niebuhr.

Com uma jovialidade do tamanho do seu enorme conhecimento, e com um discurso simples e envolvente, Doutor Salomão – como é comumente chamado, mas sem a menor soberba – passeou por relatos que lembram como o ser humano começou a ler e a escrever. Tomou isso como base para explicar o quão possível é a adaptação do cérebro, que vai gradativamente se disciplinando às inovações – hoje, já familiarizado com os livros em versão digital e com o audiolivro. “Eu já me acostumei com os mecanismos modernos da leitura. Tenho até conta mensal na Amazon”, festeja.

Da sua lista de imperdíveis sobre os clássicos e o Direito, ele abre com Ruy Barbosa e O dever do advogado, uma obra que trata do direito de defesa, de ética e dever profissional, amparado em fatos históricos que são mais uma aula. Segue com A luta pelo Direito, do alemão Rudolf von Ihering, um dos expoentes da literatura jurídica, que conta uma passagem sobre o valor da causa; e pelo O mercador de Veneza, de William Shakespeare, que apesar dos mais de quatro séculos continua atual ao abordar questões de discriminação.

Entre clássicos e outros estilos, a lista vai longe. Salomão Ribas recomenda ainda O sol é para todos, de Harper Lee, O Processo, de Franz Kafka, A firma, de John Crisham, O primeiro ano – como se faz um advogado, de Scott Turow, e Testemunha de acusação, de Ágatha Christie. Além de leituras mais divertidas, como Samantha Sweet executiva do lar, de Sophie Kinsella.

Sobre o palestrante

Natural de Caçador (SC), Salomão Ribas Júnior revelou ter sido alfabetizado somente aos 12 anos de idade. Adolescente, em férias de verão na casa de uma irmã mais velha, se rendeu à biblioteca tentadora que ela tinha ali. “Escolhi logo o maior, O Egípcio (romance do escritor finlandês Mika Waltari, lançado em 1945). Não sabia nem do que se tratava” – fala com o possivelmente mesmo ar de felicidade daquele menino que fez uma grande descoberta. “Foi aí que comecei a me transformar num leitor voraz”, admite.

Talvez o primeiro passo para a sua carreira admirável. Ribas Jr. formou-se em Direito no Rio de Janeiro, atuou como jornalista, radialista, professor; assumiu cargos públicos, foi político, presidiu a comissão de Sistematização da Assembleia Estadual Constituinte, e chegou a presidente do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina.

Participou do primeiro conselho consultivo da Fundação Catarinense de Cultura; é membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, da Associação Catarinense de Imprensa, do Instituto de Direito Administrativo do Estado de Santa Catarina (IDASC) e, desde 1992, ocupa a cadeira 38 da Academia Catarinense de Letras – entidade que presidiu de 2014 a 2018.

Como escritor, tem várias obras e trabalhos publicados. Destaque para A Educação em Debate (1976), O Povo no Poder (1977),Considerações sobre a Reforma Tributária (1983), O Velho da Praia Vermelha e Outros Contos (1993, que inspirou o curta-metragemPerto do Mar, do cineasta Zeca Pires, lançado em 2002), Uma Viagem a Hessen (1996), Retratos de Santa Catarina (1998),Corrupção Endêmica – Os Tribunais de Contas e o Combate à Corrupção (2000) e Ética, Governo e Sociedade (2003). No final deste ano deve lançar 30 anos da Constituição. E ainda um livro de histórias e lendas da Ilha de Santa Catarina. Este, a princípio, para presentear os netos.

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